9 de out. de 2008

Seguros próprios

Planos de Saude - São Paulo SP

Aumenta número de hospitais que oferecem planos de saúde no País
Em busca de recursos adicionais, instituições filantrópicas oferecem seguros próprios, em média 30% mais baratos
Simone Iwasso
A combinação de reajustes acima da inflação nos planos de saúde antigos, do fim dos contratos individuais pelas seguradoras e da defasagem da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) impulsionou o crescimento de uma outra modalidade de saúde suplementar no interior do País: os planos oferecidos por hospitais filantrópicos.
Herdeiros dos sistemas de sócios que as instituições ofereciam antes mesmo da existência de operadoras de saúde, esses planos já contam com 2 milhões de clientes e articulam, agora, a formação de uma rede nacional. Responsáveis por um terço dos leitos oferecidos pelo SUS e em muitas cidades sendo as únicas instituições de saúde, os hospitais filantrópicos conseguem com os planos próprios um ganho extra de recursos, já que apenas com a remuneração governamental não estão conseguindo se manter - as crises financeiras recorrentes pelas quais passam as Santas Casas são exemplo mais visível da dificuldade.
Cobram em média 20% a 30% menos do que os planos das seguradoras e se espalham pelo interior, oferecendo serviços principalmente de média e alta complexidade para classes B, C e D.
Já os pacientes acabam empurrados para essa opção por não conseguirem pagar as mensalidades cobradas ou mesmo entrar nos planos das seguradoras, que pararam nos últimos dois anos de aceitar contratos individuais, privilegiando os coletivos - assinados com empresas, sem precisar seguir as regras de reajuste ditadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Enquanto os planos individuais representam cerca de 20% dos clientes das grandes seguradoras, eles são mais de 60% dos planos dos hospitais.
"Ocorreu nos últimos anos um notável movimento por parte de hospitais filantrópicos que, motivados pela busca de fontes adicionais de recursos, passaram a comercializar planos próprios de saúde", explica a especialista em saúde coletiva Maria Alicia Dominguez Ugá, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e uma das responsáveis por um estudo que traçou o perfil desses planos, analisando o funcionamento de 163 instituições.
"Chama a atenção ainda o elevado porcentual de clientela idosa encontrada nesse segmento. Isso porque a concentração de riscos nessa faixa etária é maior, sempre com alguma conseqüência para o grau de solvência do plano", analisa ela. Ou seja, por atenderem muitos idosos, que demandam mais atendimento e usam procedimentos mais caros, esses planos terão de, num futuro próximo, gerenciar bem seus recursos para se manter.
Interior
Após quatro anos de estudo, a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) deve finalizar uma proposta de rede nacional - hoje cada uma funciona de forma isolada e independente. A idéia é funcionar como a Unimed, por exemplo, que é composta por centenas de cooperativas médicas que prestam atendimento em 75% do território do País.
"Trabalhamos na formação de uma rede nacional como forma de ampliar a cobertura e o número de beneficiados pelas nossas instituições", explica Jucemar José Ragnini, diretor do departamento de planos de saúde da CMB e diretor do setor de saúde suplementar da São Camilo, que lançou planos próprios em 11 dos seus 33 hospitais e maternidades, todos no interior.
"Nas capitais não há tanta demanda e os custos hospitalares são mais altos. O modelo não é tão viável", explica ele, dizendo que esse tipo de plano está mais consolidado nos Estados de São Paulo, Rio, Paraná, Minas e Santa Catarina. "Agora, no interior, suprimos uma população que estava ficando de fora do setor da saúde suplementar", afirma.
A questão do custo foi o principal atrativo para o administrador Carlos Robini, de Concórdia, interior de Santa Catarina, adquirir um plano do hospital filantrópico da cidade para a família. "Você ajuda o hospital também. Todo mundo nasceu aqui, a gente conhece, sabe quem trabalha, faz parte da vida da cidade pequena", conta. "Além disso, meus sogros também estão no plano. Se fossem para outro, desses mais caros, com o valor que pagam os dois não daria para pagar nem um", diz ele.
Tipos de plano
Cooperativas médicas: São sociedades formadas por médicos e organizadas em forma de cooperativas que atendem em determinada região
Instituições filantrópicas: Entidades sem fins lucrativos reconhecidas pelos órgãos dos Estados e dos municípios e que operam planos de saúde próprios e privados
Autogestões: É um modelo no qual uma empresa ou entidade institui e administra, sem fins lucrativos, um plano de saúde que seja exclusivamente para uso de seus associados, funcionários ou pensionistas. Um exemplo desse tipo é de entidade de classe, que pode fazer um sistema de autogestão para seus sócios
Seguradoras especializadas em saúde: São empresas que atuam com lista de médicos e serviços de referência credenciados, sem ter médicos próprios. Boa parte dos seguros saúde deles trabalha também com reembolsos de despesas feitas pelo usuário de acordo com tabela própria
Medicina de grupo: São empresas ou entidades que operam sistemas privados de saúde, com atendimento médico-hospitalar com médicos contratados e credenciados e serviços de diagnóstico e tratamento.
A reportagem foi originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo desta segunda-feira (25/2/2008)

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